Melhor Cirurgião Vascular RJ responde sobre fístula e cateter para hemodiálise

Recebemos frequentemente dúvidas dos nossos leitores sobre fístula e cateter para hemodiálise. Afinal, tratamentos que possuem o intuito de atuar como “rim artificial” e exercer o papel do órgão ao paciente portador da doença renal crônica, podem gerar inseguranças aos pacientes.

Para este artigo, convidamos o cirurgião vascular eleito o melhor do Rio de Janeiro, Dr. Guilherme Farme d Amoedo, título de Especialista Pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (CRM-RJ 593033) e referência nacional em acesso vascular para hemodiálise.

O médico é responsável pelo Núcleo avançado de acesso vascular RJ e possui atendimento em Botafogo e Barra da Tijuca.

Confira a entrevista realizada com Dr. Guilherme sobre as principais dúvidas sobre acesso vascular.

Para que serve a hemodiálise?

Dr. Guilherme: “Pacientes portadores de insuficiência renal, ou seja, quando os rins não estão sendo capazes de executar suas funções básicas como a eliminação das toxinas produzidas pelo corpo, manutenção do equilíbrio da água, assim como os sais minerais (cálcio, fósforo e potássio), necessitam de realizar hemodiálise para auxiliar nesse processo e fazer o trabalho que os rins, uma vez que doentes, não estão conseguindo realizar. Em termos práticos, esse procedimento é caracterizado pelo bombeamento do sangue por meio de um dialisador, aparelho responsável pela extração das toxinas presentes no organismo, também conhecido como “filtro artificial”. Essa máquina realiza a filtragem do sangue pelo mesmo equipamento utilizado na diálise peritoneal, o cateter (tubo) ou fístula arteriovenosa. Porém, ao invés de ser introduzido no abdômen, como feito na diálise peritoneal, ele é colocado em uma veia do pescoço, tórax ou virilha do paciente e ligado ao dialisador, sucedendo o processo de recebimento do sangue e retirada das impurezas. Após a filtração, o sangue é “devolvido” limpo por meio de um acesso vascular. O tempo necessário da hemodiálise varia de acordo com a condição do indivíduo, em geral, sendo entre duas e quatro vezes por semana de 3 a 5 horas por dia. Diferente da diálise peritoneal, a hemodiálise precisa ser feita em hospitais ou clínicas especializadas em nefrologia. Uma das vantagens desse procedimento é que os sintomas e incômodos gerados pela insuficiência renal são amenizados e o paciente volta a ter qualidade de vida. Quando não está em sessão, a pessoa pode ter uma rotina normal, trabalhando, estudando e realizando suas atividades diárias, enquanto não está em sessão.”

 

Sugestão de vídeo: Debate Público da Comissão de Higiene e Saúde Pública e Bem-Estar Social, com o tema” A ATENÇÃO À SAÚDE VASCULAR NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO”.

O que é fístula para diálise?

Dr. Guilherme: “A fístula arteriovenosa (FAV) é a união entre a veia e uma artéria por meio de uma pequena cirurgia, muitas vezes mediante a uma anestesia local. O objetivo da fístula é possibilitar um maior fluxo e fortalecimento do vaso sanguíneo. Essa junção entre a artéria e a veia do paciente, visa seu aumento em calibre e espessura para as punções da sessão de hemodiálise. Para executar esse procedimento, é preciso ter acesso vascular. Esse acesso consiste em um canal na qual o sangue é retirado e restituído ao organismo durante o procedimento de diálise.”

Como é feita a fístula para hemodiálise?

Dr. Guilherme: “Em geral, esse acesso da fístula é feito no antebraço (radio-cefálica: anastomose da artéria radial com a veia cefálica), braço (bráquio-cefálica: anastomose da artéria branquial com a veia cefálica) e punhos, não descantando a possibilidade de ser realizado nos membros inferiores, como na virilha (com a artéria femoral). O local determinado varia de acordo com o atual estado clínico e orientação médica do profissional Nefrologista. Sendo assim, uma agulha é puncionada e ligada a um cateter, onde levará o sangue à máquina de hemodiálise. Esse aparelho será o responsável por realizar a função dos rins, agindo como um filtro sanguíneo, na qual o sangue será devolvido ao organismo do paciente por outro cateter introduzido na veia da fístula. Esse processo irá causar a sensação de dilatações devido ao aumento da pressão sanguínea, proporcionando múltiplas pulsões da veia e possibilitar que a hemodiálise seja realizada. Essa vibração é denominada de frêmito, causada por conta da circulação mais rápida do sangue, sendo um indicativo de que a fístula esteja apresentando um bom funcionamento de fluxo para eficácia no tratamento.”

Quais são os cuidados com a fístula para hemodiálise?

Dr. Guilherme: “A fístula arteriovenosa é um acesso exclusivo para as sessões de hemodiálise. A sua inserção exige alguns cuidados nos três momentos do processo: Antes, durante e depois da sua implantação.

– Não aferir a pressão do membro da fístula;
– Não coletar amostras sanguíneas fora dos serviços de hemodiálise;
– Evitar esforço físico com os braços;
– Em casos de trauma, realizar compressas de água quente ou morna, de acordo com a recomendação médica ou da equipe de enfermagem;
– Antes de iniciar a hemodiálise, deve-se fazer sempre a higienização adequada do membro da fístula com água e sabão para evitar possíveis infecções;
– É recomendado não dormir sob o braço em que há a fístula arteriovenosa.

Existem ainda, alguns cuidados relacionados a nutrição, mesmo que embora não estejam ligados diretamente à aplicação da fístula que podem interferir no efeito da terapia. Essas precauções abrangem a diabetes mellitus (DM) e a hipertensão arterial (HAS). Em indivíduos diabéticos, por exemplo, o período de cicatrização da fístula poderá causar uma feridade em que será imprescindível a atenção exclusiva por parte dos profissionais médicos, envolvendo os enfermeiros e médicos para “fechar” essa lesão.

O descontrole no quadro do paciente de ambas das condições, poderá promover um comprometimento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, incluindo a fístula arteriovenosa, afetando diretamente na continuidade da hemodiálise. Nestas situações, pode-se necessitar de uma nova cirurgia para inserir outra fístula. Esse cenário irá depender das possibilidades de acesso e do estado clínico do paciente, sendo uma alternativa a terapia por meio de um cateter até que seja possível adotar uma nova fístula.

Sugiro ainda que, para melhor eficácia e segurança do tratamento, é necessário seguir todas as orientações do seu médico nefrologista juntamente com a equipe de enfermagem responsável pelo procedimento. Em casos de desconforto por parte do paciente provocador pela fístula, o paciente deve procurar imediatamente o atendimento médico.”

Quais os desconfortos provocados pela fístula?

Dr. Guilherme: “Devido a hemodiálise ser realizada através de um acesso ao sangue por uma fístula, é necessário realizar a punção com as agulhas e esse procedimento pode causar dores leves. Porém, na maioria das sessões, o paciente não sentirá nada, somente em algumas ocasiões em que poderá ocorrer uma queda de pressão arterial, câimbras ou dores de cabeça. Normalmente esses sintomas acontecem quando o paciente possui muito líquido para remover do organismo em determinada sessão, por isso é importante que elas sejam sempre acompanhadas da equipe de enfermagem e do médico nefrologista para oferecer o suporte adequado. Evitar o ganho excessivo de peso entre os dias das sessões é fundamental para o conforto do paciente durante o tratamento.”

Quanto tempo dura uma fístula para hemodiálise?

Dr. Guilherme: “Após a aplicação da fístula arteriovenosa, ela se fortalece com o passar do tempo para que possa ser utilizada na hemodiálise, podendo durar muitos anos. Após a cirurgia, deve-se aguardar um período de média 30 dias para sua cicatrização. Existem métodos que podem cooperar para a evolução e maior velocidade no amadurecimento. São exercícios orientados pela equipe médica que podem ser realizados pelo próprio paciente.”

Existe outra opção para acesso de hemodiálise?

Dr. Guilherme: “Outra medida muito pertinente relacionada ao tratamento da hemodiálise são os cateteres. Uma opção geralmente temporária (ou permanente em alguns casos) em pacientes onde não é possível fazer a ligação entre a artéria e uma veia para colocação da fístula arteriovenosa, devido a condições adversas como as citadas anteriormente, diabetes e hipertensão (variando conforme análise clínica).”

O que é cateter para hemodiálise?

Dr. Guilherme: “O cateter para hemodiálise é um tubo de plástico inserido em uma veia do pescoço, virilha ou tórax, através de uma anestesia local ou sedação, variando de acordo com a necessidade e particularidade de cada indivíduo. Seu objetivo é o mesmo da fístula, ou seja, transportar o sangue até a máquina de hemodiálise, com o intuito de fazer a filtragem das impurezas presentes no organismo do paciente. Como eu disse anteriormente, o cateter é uma segunda opção, normalmente a curto prazo e mais rápida, para pacientes que não tem fístula e precisam realizar o tratamento. Porém, esse procedimento envolve alguns problemas na sua utilização.”

Quais são os cuidados com o cateter?

Dr. Guilherme: “Os cateteres para hemodiálise geralmente estão mais sujeitos a infecções em comparação com as fístulas, pois apresentam uma parte aparente na pele e a outra permanentemente dentro da veia, portanto é importante mantê-los limpos, secos e bem higienizados. Devido a essas circunstâncias, algumas dúvidas podem surgir principalmente em consideração a atividades da rotina ou lazer. Dirigir, viajar, praticar atividades físicas que exigem muito esforço, dentre outras tarefas. De forma geral algumas ações são restritas por aumentar a probabilidade de danificar o cateter no local da saída.

Contudo, existem alguns cuidados imprescindíveis para evitar complicações com o cateter, como:

– Manter o cateter protegido com curativo;
– Não molhar o equipamento, portanto, banhos de piscina ou mar não são recomendados;
– Tomar cuidado com o manejo do cateter para não o danificar. Principalmente ao se vestir, colocar, retirar algum acessório ou algum movimento que apresente riscos;
– Caso o cateter saia do local, você deve comprimi-lo e comparecer imediatamente ao hospital;
– Em casos de qualquer sangramento, certifique-se de que o cateter não esteja danificado e vá ao hospital ou procure a equipe médica para auxiliá-lo e efetuar a troca do curativo.

Em casos de qualquer dúvida, a primeira atitude a ser tomada é pedir orientação médica pois todas as medidas precisam ser levadas em consideração o atual estado clínico do paciente e suas particularidades.”

O que é cateter de Tenckhoff?

Dr. Guilherme: “O cateter de Tenckhoff é um cateter de material apropriado e flexível para realizar a diálise peritoneal através de sua inserção mediante a uma pequena cirurgia na cavidade abdominal do paciente. O líquido (chamado de solução de diálise) é colocado dentro da barriga por um tempo determinado pelo médico nefrologista e drenado por meio do cateter de tenckhoff. Desta forma, as impurezas, como o excesso de água e sais minerais encontradas no sangue são eliminados após a sua retirada, uma vez que os rins afetados não conseguem exercer essa função.”

O que é cateter de Permcath?

Dr. Guilherme: “Assim como mencionado anteriormente, o objetivo do cateter é o mesmo da fístula arteriovenosa, ambos são acessos venosos que possibilitam a execução da hemodiálise. Porém, diferente do cateter de Tenckhoff, onde é feita para diálise peritoneal, o cateter de Permcath é utilizado para garantir a execução da hemodiálise. Este é implantado normalmente em uma veia jugular (de maior calibre) identificada no pescoço do paciente, porém também podem ser implantadas em outras veias, como a subclávia (tórax embaixo da clavícula) ou na femoral (virilha), além de outros locais menos comuns neste procedimento, todavia, sempre de longa permanência na região. Essa introdução é realizada através de um “túnel” por uma microcirurgia, onde o local de saída é diferente do local de entrada do cateter, permitindo mais conforto ao paciente e reduzindo as chances de infecções.”

Quanto tempo dura um cateter para fazer hemodiálise?

Dr. Guilherme: “Cada tipo de cateter possui sua particularidade, sendo dividido em cateteres de longa permanência semi-implantáveis e de curta permanência, para a hemodiálise. O período irá depender das necessidades e o atual estado clínico do paciente. Por exemplo, em casos em que o indivíduo apresenta quadro de insuficiência renal aguda (IRA), onde existe a possibilidade de os rins recuperarem sua função, é utilizado o cateter de curta permanência. Nesta situação, após a função renal ser reestabelecida, o cateter é retirado. Já em circunstâncias onde o paciente é não recupere sua função renal, exigindo a realização de um tratamento a longo prazo, será necessário a colocação de uma opção de cateter que se adeque a essa condição. As opções são as que informei anteriormente: Permcath e Fístula Arteriovenosa.”

A indicação dos acessos é feita por qual especialista?

Dr. Guilherme: “A implantação de ambos os procedimentos, tanto as fístulas quanto dos cateteres devem ser mediante a indicação do médico nefrologista e realizados em clínicas especializadas em nefrologia. Nestes casos, é levado em consideração a análise do estado clínico e as necessidades de cada paciente para dar início a hemodiálise. Afinal, os cuidados de limpeza adequada do local para evitar infecções no acesso.”

Agradecemos a colaboração do Dr. Guilherme ao responder as perguntas dos nossos estimados leitores.

Dr. Guilherme Farme d Amoedo é referência em fístulas e acessos para hemodiálise. Possui 34 anos de experiência e uma das maiores casuísticas e referências em fístula arteriovenosa e acesso para hemodiálise. Palestrante dos principais eventos e congressos do país.

Para mais informações e atendimento, entre em contato:

• Unidade Botafogo/ Humaitá:

R. Voluntários da Pátria, 445 – sala 701 – Botafogo, Rio de Janeiro – RJ, 22271-000

Telefone: (21) 2266-7120

• Unidade Barra

Av. das Américas, 500 – bloco 22, sala 228 – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ, 22640-100

Telefone: (21) 96766-9020

A seguir, assista a palestra sobre Reintervenção nos Acessos Vasculares, apresentada por Dr. Guilherme Farme d Amoedo na 537ª Reunião Científica da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro – SBACVRJ.

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